No dia 20 de novembro inicia-se o terceiro ano vocacional do Brasil, 40 anos depois do primeiro ano temático dedicado à reflexão, oração e promoção das vocações no país.

A vocação está no foco como “Graça e Missão”, sob a inspiração da passagem evangélica dos discípulos de Emaús: “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24, 32-33). A graça da vocação chega ao coração do discípulo que acolhe a Palavra do Ressuscitado, e o impulsiona a colocar-se a caminho para anunciar o encontro com Cristo. Se o encontro com Cristo for autêntico, será marcante, como vemos na vida do apóstolo Paulo: “O amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14), “Ai de mim, se eu não anuncio o Evangelho (1Cor 9,16).

Esse foco do terceiro ano vocacional nos remete ao documento final do Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, e a exortação apostólica do Papa Francisco “Christus vivit” (2019) – para os jovens e para todo o povo de Deus. Precisamos voltar a esses documentos como fonte fecunda para “promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus” (TB, n. 03).

Para realizar essa promoção da cultura vocacional, além das reflexões, iniciativas deformação, e da oração, é necessário consolidar o Serviço de Animação Vocacional(SAV) em todos os níveis (Diocese, Regiões, Paróquias e Comunidades) como dimensão fundamental da pastoral eclesial. Implantar o SAV onde não existe e implementá-lo onde já foi implantado deve constituir-se num gesto concreto do ano vocacional, pois isso dará consistência para a animação vocacional permanente em nossa Igreja.

O Serviço de Animação Vocacional é a ampla ação de toda Igreja que visa “ajudar os jovens a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um” (DAp,314) e a orientar o cristão na sua opção vocacional cristã, apostólica, mediante a fé adulta, de tal modo que expresse seu serviço ministerial dentro das atividades da Igreja.

As vocações autênticas surgem em comunidades onde o amor de Cristo arde nos corações. Como diz o Papa Francisco: “Em muitos lugares, há escassez de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Frequentemente isso fica-se a dever à falta de ardor apostólico contagioso nas comunidades, pelo que estas não entusiasmam nem fascinam. Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas. Mesmo em paróquias onde os sacerdotes não são muito disponíveis nem alegres, é avida fraterna e fervorosa da comunidade que desperta o desejo de se consagrar inteiramente a Deus e à evangelização, especialmente se essa comunidade vivente reza insistentemente pelas vocações e tem a coragem de propor aos seus jovens um caminho de especial consagração” (EG, nb. 107).

O SAV é instrumento importante para ajudar a comunidade a vivenciar a dimensão de fé que é a vocação. Está constantemente avivando esta chama, como também acompanhando no discernimento vocacional e na formação do discípulo. Participando do processo de Iniciação à Vida Cristã, o SAV colabora com um itinerário formativo que leve ao amadurecimento da resposta vocacional do discípulo missionário que assume a missão evangelizadora de acordo com sua condição na Igreja.

Finalmente, a comunidade deve orar constantemente pelas vocações, conforme o mandato do Senhor, e promover a valorização de todas as vocações na Igreja, em suas especificidades laical, religiosa, diaconal, presbiteral. Ao pedir que rezemos pelas vocações, o Senhor nos educa a promover constantemente a pastoral vocacional: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe, que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,38)!